sábado, 26 de março de 2011

COLUNA JORNAL O PROGRESSO - DIA INTERNACIONAL DE LUTA PELA ELIMINAÇÃO DA DISCRIMINAÇÃO RACIAL - 25.11.2011


fOTO DA TURMA DE QUINTA SÉRIE DA ESCOLA YARA GAIA - PROFESSORA MARTA UTZIG

Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial

Na cidade de Johanesburgo, capital da África do Sul, 20 mil negros protestavam contra a lei do passe, que os obrigava a portar cartões de identificação, especificando os locais por onde eles podiam circular. No bairro de Shaperville, os manifestantes se depararam com tropas do exército. Mesmo sendo uma manifestação pacífica, o exército atirou sobre a multidão, matando 69 pessoas e ferindo outras 186. Esta ação ficou conhecida como o Massacre de Shaperville. Em memória à tragédia, a ONU – Organização das Nações Unidas – instituiu 21 de março como o dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial. E segundo o artigo I da declaração das Nações Unidas sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial diz:

“Discriminação Racial significa qualquer distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada na raça, cor, ascendência, origem étnica ou nacional com a finalidade ou o efeito de impedir ou dificultar o reconhecimento e exercício, em bases de igualdade, aos direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural ou qualquer outra área da vida pública.
Calma gente, isso é a teoria, pois na prática, está difícil; tem pessoas que me acham radical nesta questão, que o Brasil é um país que apresenta uma democracia racial, mas o deputado federal Júlio Campos (DEM-MT) provocou constrangimento na reunião da bancada do partido na Câmara nesta terça-feira (22) ao chamar de “moreno escuro” (difícil de aceitar) o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa (a saber, o único negro do Supremo). “Essa história de foro privilegiado não dá em nada. O nosso Ronaldo Cunha Lima [ex-deputado e ex-governador da Paraíba] precisou ter a coragem de renunciar ao cargo para não sair daqui algemado, e, depois, você cai nas mãos daquele moreno escuro lá no Supremo, Aí, já viu”, afirmou Campos. E viva a democracia do racismo velado.
E olha que estou vindo de alguns contatos super bacanas com alunos das escolas A.J.RENNER, YARA GAIA, LA SALLE (Canoas) e coordenação pedagógica do São João Batista, onde tive trocas de experiências fantásticas sobre a discriminação racial; e fui questionado por uma amiga se teria algum resultado, pois nesses lugares citados e a platéia seja majoritariamente de jovens não-pretos, acho que a mensagem não é invalidada. E acho que, de alguma forma, ela continua sendo assimilada, se a gente tiver, no futuro, jovens brancos dessas mesmas classes que já são dominantes, mas jovens que ainda vão assumir o poder. Como negros, teremos ainda mais duas ou três gerações pra poder ter um número de pessoas que possam concorrer com as mesmas oportunidades. Debatendo os problemas sociais estaremos dando um grande passo. Se eles forem ocupar esses cargos mais uma vez, que são heranças de seus pais, e nessa ocupação eles tiverem um pouquinho de consciência social, racial, dá diferença de renda que nosso país tem, a gente pode ter, pelo menos, pessoas mais humanas, que podem fazer com que a riqueza seja distribuída de outra maneira.
Estou sendo radical? Está surpreso? Mas vou dizer só se surpreende com o racismo quem tá alheio a ele, quem tá pisando nas nuvens. Mas pra quem vive a realidade diária, que tá com esse assunto em pauta, não vive uma paranóia achando que tá sendo discriminado, mas tá escolado quanto a isso. Não se espanta quando vê. Eu achava que, antigamente, racismo era falta de educação. Não é. É um troço que tá na veia, é um sentimento. Passado de pai para filho e quanto a isso, não tem nem o que mudar. Modifiquei muito o que acreditava tempos atrás, que a gente deveria pedir mais respeito das pessoas brancas, pedir mais oportunidade. Eu peço poder pros pretos. Peço a você que é preto vá estudar, vá fazer faculdade, pós, mestrado, doutorado.. se forme, ocupem espaço de destaque, só assim você vai fazer a revolução. Entenda a tua evolução que é a nossa revolução em conjunto. Essa idéia não é minha, mas são de negros que estão tentando revolucionar como o Lázaro Ramos (que está fazendo um papel de galã na novela da globo, onde está sendo criticado pelo papel de machista que interpreta, se fosse o Zé Maia, estaria tudo certo), Roberta Rodrigues, Mano Brown, Celso Athayde, Negga Gizza, Linha Dura, Bill e muitos outros. Não relaxe, pois o racismo está muito mais forte que pensamos.
Essa coluna dedico ao saudoso Roberto dos Santos (pioneiro na questão racial em Montenegro, a professora Elisabeth Gonçalves, ao meu filho Matheus (que sofre demais o racismo), a Vera Quadros e aos professores de Montenegro que estão engajados a mudar essa triste história.

Um comentário:

Cláudio Luiz disse...

Parabéns pelo seu esforço para o fim do racismo. Cláudio Luiz Sá Brito Machado