segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

COLUNA PERIFERIA CONSCIENTE POR ROGÉRIO SANTOS - JORNAL O PROGRESSO

“O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons”.
Martin Luther King


SOU VILEIRO COM MUITO ORGULHO

- Tu és vileiro... vileiro e vem reclamar chinelo... vileiro... se esses trocados vai te fazer falta te devolvo... quem és tu para reclamar...
Essas palavras, mas em tom agressivo foi dirigida a mim, no último domingo, por indivíduo que representava o Clube São Pedro, quando fui assistir meu filho na decisão municipal da categoria sub 15, no Estádio Belchior Viana (campo do América), que seria a preliminar da primeira partida decisiva do segundo turno da força livre ou primeiro quadro, entre São Pedro e Municipal, quando perguntei pelo recibo ou comprovante do ingresso que paguei (conforme o código de defesa do consumidor e lei número 10.671, a lei do estatuto do torcedor; tenho esse direito e quem está cobrando tem o dever de fornecer o comprovante, sob pena de lei).
O presidente da Liga de futebol estava organizando os troféus, ouviu tudo, questionei o mesmo sobre os comprovantes, baixou a cabeça, sorriu e fez que não fosse com ele; mas não precisa se posicionar ou ter responsabilidade com o torcedor, para quê? Sem deixar de mencionar que além da liga, ele é presidente do conselho de esporte. E o campeonato é esse exemplo.
Na segunda estive conversando por telefone com o secretário do CONDECON RS, me explicou e passou as duas leis, acima citadas, que me garantiriam uma vitória caso entrasse com uma queixa; salientou que todos os consumidores exigissem os comprovantes o país seria totalmente diferente, pois temos vergonha de exigir nossos direitos. Não foi por covardia que não entrei, sim por respeito, gratidão, ao Clube São Pedro, onde atuei nos finais dos anos 80, sempre fui tratado na maior fidalguia da diretoria, sócios e torcedores; trago as melhores recordações do futebol varzeano Montenegrino. Muito diferente da equipe representava o São Pedro que vi e assisti no domingo.
Mas voltando a questão de vileiro... a primeira vez que vi o indivíduo que achou que me ofendeu, foi há anos atrás, num torneio no campo de areia da Brigada onde era o destaque, por sua velocidade, habilidade e garra no jogo; era o craque do torneio. Daqui a pouco, um policial militar que está na reserva, atualmente, o interveio dizendo que estava de olho nele; ele se defendendo, dizia que era marcação, só porque ele era pobre, mas era trabalhador honesto. Fui em sua defesa, com outras pessoas e essa cena ficou gravada, quando ele tentava me ofender, retornou a minha memória.
Quero dizer, sempre quis ser vileiro, desde a infância, pois as melhores partidas no areão do São João Batista, na colina, no palmeirinhas, enfim, era vila versus vila, muitas vezes não conseguia vaga, por ser do centro, estudar em escola particular. Minha felicidade era quando o Marcos Willers (Zecão), colega de aula, me convidava para jogar no time da vila dele, no Taninão. Com certeza o rapaz usou a palavra vileiro para me ofender, vendo um negro (que no Brasil para maioria significa pobre, ignorante, bandido,...) questionando o seu direito para alguém que tem dificuldade em entender cidadania.
Para terminar sou vileiro com muito orgulho e quero ser vileiro para toda a vida.
Assinado: Vileiro Rogério Santos, jornalista, pós-graduado em marketing e mestre em sociologia.

NOTA BACANA: estive na escola estadual Tanac discutindo com os alunos a respeito da coluna do Jornal O Progresso, o pessoal apresentou interpretações e leituras super interessantes. Valeu .

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