quinta-feira, 19 de março de 2009

MONTENEGRO CONTRA CRACK NO JORNAL ZH


MONTENEGRO
Uma cidade contra o crack
Autoridades se reúnem para discutir alternativas de combate à drogaFoi um apelo vindo das mães da periferia de Montenegro, uma cidade de quase 57 mil habitantes no Vale do Caí, que motivou a cidade a se unir para combater o crack. Os números, preocupantes, explicam: 75% dos crimes praticados no município estão diretamente ligados à droga, segundo levantamento da Brigada Militar.

Foi em setembro passado que as mães resolveram desabafar com integrantes da Central Única das Favelas (Cufa), que chegou a Montenegro para desenvolver programas sociais na periferia. O pedido de ajuda foi exposto como o maior problema enfrentado por elas: seus filhos se reúnem à noite, em praças, para consumir a droga.

O submundo relatado pelas mães a Rogério Santos, coordenador da Cufa em Montenegro, foi repassado a autoridades da cidade, que resolveram se unir para enfrentar o crack. Prefeitura, Ministério Público, empresários, Brigada Militar e Polícia Civil começaram a definir necessidades e buscar soluções práticas.

O lançamento oficial do Movimento Contra o Crack foi realizado na terça-feira. Ontem, o grupo realizou a primeira das reuniões para atacar o problema. Exemplos de que a droga está se disseminando rapidamente na cidade não faltam. E não são só casos como o do garoto de classe média que vendeu o videogame por três pedras de crack. A preocupação atinge também adultos. Em uma única empresa, com centenas de funcionários, 40 estão afastados para tratar a dependência da droga.

– O crack é uma epidemia – ressalta o coordenador-executivo do movimento, Adão Vargas Aloy.

Informalmente, uma pesquisa foi realizada em 17 bairros da cidade para levantar o número de usuários de crack. Ao todo, 1.111 entrevistados – todos com mais de 18 anos –, declararam-se dependentes da droga.

Comandante da Brigada Militar de Montenegro, o capitão Oscar Bessi diz ter mapeado 72 locais de tráfico na cidade. Nos últimos dois meses, oito pontos foram fechados, o que chegou a revoltar usuários contra a própria polícia. Os crimes praticados por dependentes de crack vão desde furtos simples até homicídios e movimentam um mercado paralelo.

leticia.barbieri@zerohora.com.br

LETÍCIA BARBIERI | Montenegro

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