quinta-feira, 20 de novembro de 2008

PARA NÃO DIZER QUE FALEI DO DIA 20 DE NOVEMBRO


Nos cursos superiores, nas escolas particulares, nas melhores posições profissionais, nos restaurantes, nos melhores bairros, negro ainda são minoria. Em compensação, encontram-se em maioria nas celas das cadeias, nos subempregos, nos cargos menos elevados, nos bairros da periferia, nas escolas de piores condições. Tudo isso ainda é o reflexo de um tempo em que escravos eram considerados seres sem alma, vendidos nos mercados públicos. Desde o dia 14 de maio 1888, um dia depois que a liberdade foi oficialmente concedida a todas as mulheres e homens negros do Brasil – a última abolição de todo o planeta -, a distancia na sociedade entre negros e brancos só vem aumentando no que diz respeito a desenvolvimento humano, educação, saúde, violência e habitação.
Ao longo de novembro, mês da Consciência Negra, pesquisas são divulgadas e análises são feitas, comprovando aquilo que muitos não querem – ou não conseguem – ver: negros e brancos não vivem no mesmo país. De acordo com o Relatório de Desenvolvimento Humano Brasil 2005 – Racismo, Pobreza e Violência, lançado em São Paulo pelo PNUD, Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, se os negros brasileiros formassem um país, ele ocuparia a 105ª posição no ranking mundial que mede o desenvolvimento social, enquanto o “Brasil branco” seria 44º. A diferença é de 61 posições. É como se brancos vivessem nas Ilhas Seychelles, e os pretos e pardos, na Argélia.
A análise dos dados elaborada pelo PNUD revela, de fato, que as notícias não são boas para os negros: a diferença de escolaridade entre brancos e negros com mais de 25 anos passou de 1,7 anos, em 1960, para 2,1 anos em 2000. A proporção de adolescentes negros cursando o ensino médio em 2000 era inferior à adolescentes brancos no mesmo nível de ensino em 1991. Já os homens negros são os mais prejudicados no que diz respeito à esperança de vida, em boa parte porque nas últimas décadas foram particularmente atingidos pelo aumento da violência. Em 2000, a proporção de negros que viviam em favelas, palafitas e assemelhados era quase o dobro da de brancos. Estudos apontam que os negros são as maiores vítimas não só dos, mas também da instituição que deveria proteger o cidadão: polícia. De acordo com o Censo de 2000, a probabilidade de um adulto preto estar na cadeia é quase quatro vezes a de um adulto branco.
Por isso, um jovem negro não deve ter vergonha da política de cotas porque todos os demais grupos já receberam as suas devidas ações afirmativas. O escândalo não é ter investido nos imigrantes, mas não ter investido nos negros, que já vinham construindo o Brasil há 300 anos.
Quanto ao dia 20 de novembro, tenho a certeza que não é só nesse dia que devemos lembrar-nos da Consciência Negra. Esse deve ser um exercício durante os 365 dias do ano, quando se mata um leão por dia para sobreviver. Esse dia é uma celebração porque nos outros 364 dias do ano estamos quebrando barreiras. Salve Roberto Santos! Salve professora Elisabeth! Salve Vera Quadros! Salve Clori Ferraz! Negros que fizeram e fazem parte da nova história negra Montenegrina.

Rogério Santos – negro, jornalista com mestrado em sociologia pela UFRGS
Coordenador CUFA/RS - MONTENEGRO

Um comentário:

Piqueno disse...

Salve galera!
Estou procurando URGENTE alguém da Cufa aqui de Mgo, pois estamos pensando em promover um torneio de basquete, e ouvi rumores que vcs tbm estão agitando isso...Me disponho para fazer um conversa, e quem sabe uma parceria na organização
Por favor, aguardo retorno pois ja temos até uma data pensada para dezembro de 2008 fazer o torneio,e gostariamos da presença de vcs, e de forma alguma bater ou confrontar data.
Mateus Araujo - mateusaraujors@yahoo.com.br, fone 98991477
Abraço, aguardo resposta