
Nos cursos superiores, nas escolas particulares, nas melhores posições profissionais, nos restaurantes, nos melhores bairros, negro ainda são minoria. Em compensação, encontram-se em maioria nas celas das cadeias, nos subempregos, nos cargos menos elevados, nos bairros da periferia, nas escolas de piores condições. Tudo isso ainda é o reflexo de um tempo em que escravos eram considerados seres sem alma, vendidos nos mercados públicos. Desde o dia 14 de maio 1888, um dia depois que a liberdade foi oficialmente concedida a todas as mulheres e homens negros do Brasil – a última abolição de todo o planeta -, a distancia na sociedade entre negros e brancos só vem aumentando no que diz respeito a desenvolvimento humano, educação, saúde, violência e habitação.
Ao longo de novembro, mês da Consciência Negra, pesquisas são divulgadas e análises são feitas, comprovando aquilo que muitos não querem – ou não conseguem – ver: negros e brancos não vivem no mesmo país. De acordo com o Relatório de Desenvolvimento Humano Brasil 2005 – Racismo, Pobreza e Violência, lançado em São Paulo pelo PNUD, Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, se os negros brasileiros formassem um país, ele ocuparia a 105ª posição no ranking mundial que mede o desenvolvimento social, enquanto o “Brasil branco” seria 44º. A diferença é de 61 posições. É como se brancos vivessem nas Ilhas Seychelles, e os pretos e pardos, na Argélia.
A análise dos dados elaborada pelo PNUD revela, de fato, que as notícias não são boas para os negros: a diferença de escolaridade entre brancos e negros com mais de 25 anos passou de 1,7 anos, em 1960, para 2,1 anos em 2000. A proporção de adolescentes negros cursando o ensino médio em 2000 era inferior à adolescentes brancos no mesmo nível de ensino em 1991. Já os homens negros são os mais prejudicados no que diz respeito à esperança de vida, em boa parte porque nas últimas décadas foram particularmente atingidos pelo aumento da violência. Em 2000, a proporção de negros que viviam em favelas, palafitas e assemelhados era quase o dobro da de brancos. Estudos apontam que os negros são as maiores vítimas não só dos, mas também da instituição que deveria proteger o cidadão: polícia. De acordo com o Censo de 2000, a probabilidade de um adulto preto estar na cadeia é quase quatro vezes a de um adulto branco.
Por isso, um jovem negro não deve ter vergonha da política de cotas porque todos os demais grupos já receberam as suas devidas ações afirmativas. O escândalo não é ter investido nos imigrantes, mas não ter investido nos negros, que já vinham construindo o Brasil há 300 anos.
Quanto ao dia 20 de novembro, tenho a certeza que não é só nesse dia que devemos lembrar-nos da Consciência Negra. Esse deve ser um exercício durante os 365 dias do ano, quando se mata um leão por dia para sobreviver. Esse dia é uma celebração porque nos outros 364 dias do ano estamos quebrando barreiras. Salve Roberto Santos! Salve professora Elisabeth! Salve Vera Quadros! Salve Clori Ferraz! Negros que fizeram e fazem parte da nova história negra Montenegrina.
Rogério Santos – negro, jornalista com mestrado em sociologia pela UFRGS
Coordenador CUFA/RS - MONTENEGRO
Um comentário:
Salve galera!
Estou procurando URGENTE alguém da Cufa aqui de Mgo, pois estamos pensando em promover um torneio de basquete, e ouvi rumores que vcs tbm estão agitando isso...Me disponho para fazer um conversa, e quem sabe uma parceria na organização
Por favor, aguardo retorno pois ja temos até uma data pensada para dezembro de 2008 fazer o torneio,e gostariamos da presença de vcs, e de forma alguma bater ou confrontar data.
Mateus Araujo - mateusaraujors@yahoo.com.br, fone 98991477
Abraço, aguardo resposta
Postar um comentário