terça-feira, 25 de novembro de 2008
OS REIS DA RUA , CONFIRA O SITE: www.reisdarua.com.br
REIS DA RUA
Em 2001, a CUFA começou sua movimentação de campeonatos de Basquete de Rua através do Hutúz, evento mais importante de Hip Hop do País. Em seguida, iniciou a massificação desta prática em todo o Brasil, o que a levou à criação de um manual de regras para organizar o esporte.
Este era o prenúncio de uma ação que superaria o período de uma febre passageira. Hoje, a LIBBRA está estabelecida como campeonato nas 27 Unidades Federativas do País, e seus participantes – de ambos os sexos – não se limitam a guetos e favelas, mas estão em toda parte, entre todos os jovens, demonstrando que a união da juventude é uma das mais eficazes formas de integração social.
O primeiro evento logo após a formação dos "Reis da Rua" será o "Desafio Internacional de Basquete de Rua", promovido uma vez por ano, com transmissão ao vivo pela Rede Globo de Televisão, como parte integrante do projeto "Esporte de Verão".
Deste modo, fica entendido que Reis da Rua não é apenas o nome do evento, mas também da seleção a ser formada pelos 20 atletas que se destacaram dentre os milhares que participaram das seletivas estaduais e do campeonato nacional de Basquete de Rua na temporada de 2008.
Cinqüenta concorrentes foram pré-selecionados pela comissão técnica da LIBBRA, árbitros, torcedores e jogadores, e neste dia 22 de novembro estão sendo apresentados ao público para a votação popular no site oficial do evento, quando este terá direito de votar em seus preferidos do ano.
A proposta é que haja um rodízio anual entre os jogadores, para que o público escolha, a cada temporada, aqueles que serão os seus representantes das ruas.
Com o Basquete de Rua oferecemos mais que esporte de participação: produzimos cidadania e assim fomentamos a renovação e o equilíbrio social, utilizando-nos desta modalidade esportiva como ferramenta eficaz de inserção social.
O Basquete de Rua do Brasil e o Mundial
Tudo começou em um belo dia, ou melhor, em uma bela noite de Hip Hop no Armazém 05, mais precisamente no Cais do Porto, Centro do Rio, em uma manifestação pública espontânea. Vários “malucos” se apropriaram de uma cesta de lixo do evento, em 2001, e armaram seu jogo de basquete. Para a CUFA (Central Única das Favelas) não havia alternativa se não organizar e transformar essa brincadeira num dos maiores acontecimentos esportivos e alternativos de que se tem notícia. Lógico que o Hip Hop é o fio condutor da LIBBRA (Liga Brasileira de Basquete de Rua), afinal foi dentro de um evento de Hip Hop que tudo começou!
A partir de 2002, a rapper Nega Gizza – que coordena os eventos alternativos do Hutúz e é a Presidente da LIBBRA – resolveu incorporar a brincadeira ao evento, criando assim o primeiro Campeonato Carioca de Basquete de Rua, um evento que não parou mais de crescer. A CUFA não parou por aí e tornou obrigatória a prática do Basquete de Rua em todos os seus eventos. Fez com que a prática fosse desenvolvida em todas as bases sociais da Instituição, em todos os Estados e, por fim, transformou a modalidade no quinto elemento do Hip Hop.
Em 2004, faltou espaço para a prática do esporte, tamanha a popularidade que alcançou o torneio. Assim, para fazer jus e atender a essa expectativa, a CUFA resolveu ampliar essa manifestação e criar a LIBBRA, que passou a fazer parte do calendário nacional, bem como do calendário oficial dos Jogos Pan-Americanos, disputados no Rio de Janeiro em 2007. Mas a CUFA queria mais, desejava fazer um campeonato literalmente na rua, nem que para isso tivesse que criar um modelo alternativo e próprio, uma regra própria (Leia o Manual de Basquete de Rua), um modelo que atendesse as necessidades que o espaço físico impunha.
Restava à Central Única das Favelas reunir os maiores nomes praticantes do esporte para discutir de que maneira se poderia adaptar o Hutúz Basquete de Rua, tornando-o disputável nas ruas do Rio de Janeiro com a presença das equipes de outros Estados. Chegou-se a um novo modelo, nunca antes experimentado: o 4x4 com duas cestas daria maior velocidade, dinâmica e, por fim, emoção ao espetáculo. Tiro e queda. Sucesso total!!
E esse sucesso hoje é reconhecido por todas as esferas esportivas e sociais do País, e como era previsto pelo próprio espírito da instituição, para 2009, a CUFA anuncia outros vôos: o próximo desafio é sediar o primeiro Mundial de Basquete de Rua aqui no BRASIL.
Mais uma vez, contamos com você.
Fique por perto e se mantenha informado.
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quinta-feira, 20 de novembro de 2008
PARA NÃO DIZER QUE FALEI DO DIA 20 DE NOVEMBRO
Nos cursos superiores, nas escolas particulares, nas melhores posições profissionais, nos restaurantes, nos melhores bairros, negro ainda são minoria. Em compensação, encontram-se em maioria nas celas das cadeias, nos subempregos, nos cargos menos elevados, nos bairros da periferia, nas escolas de piores condições. Tudo isso ainda é o reflexo de um tempo em que escravos eram considerados seres sem alma, vendidos nos mercados públicos. Desde o dia 14 de maio 1888, um dia depois que a liberdade foi oficialmente concedida a todas as mulheres e homens negros do Brasil – a última abolição de todo o planeta -, a distancia na sociedade entre negros e brancos só vem aumentando no que diz respeito a desenvolvimento humano, educação, saúde, violência e habitação.
Ao longo de novembro, mês da Consciência Negra, pesquisas são divulgadas e análises são feitas, comprovando aquilo que muitos não querem – ou não conseguem – ver: negros e brancos não vivem no mesmo país. De acordo com o Relatório de Desenvolvimento Humano Brasil 2005 – Racismo, Pobreza e Violência, lançado em São Paulo pelo PNUD, Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, se os negros brasileiros formassem um país, ele ocuparia a 105ª posição no ranking mundial que mede o desenvolvimento social, enquanto o “Brasil branco” seria 44º. A diferença é de 61 posições. É como se brancos vivessem nas Ilhas Seychelles, e os pretos e pardos, na Argélia.
A análise dos dados elaborada pelo PNUD revela, de fato, que as notícias não são boas para os negros: a diferença de escolaridade entre brancos e negros com mais de 25 anos passou de 1,7 anos, em 1960, para 2,1 anos em 2000. A proporção de adolescentes negros cursando o ensino médio em 2000 era inferior à adolescentes brancos no mesmo nível de ensino em 1991. Já os homens negros são os mais prejudicados no que diz respeito à esperança de vida, em boa parte porque nas últimas décadas foram particularmente atingidos pelo aumento da violência. Em 2000, a proporção de negros que viviam em favelas, palafitas e assemelhados era quase o dobro da de brancos. Estudos apontam que os negros são as maiores vítimas não só dos, mas também da instituição que deveria proteger o cidadão: polícia. De acordo com o Censo de 2000, a probabilidade de um adulto preto estar na cadeia é quase quatro vezes a de um adulto branco.
Por isso, um jovem negro não deve ter vergonha da política de cotas porque todos os demais grupos já receberam as suas devidas ações afirmativas. O escândalo não é ter investido nos imigrantes, mas não ter investido nos negros, que já vinham construindo o Brasil há 300 anos.
Quanto ao dia 20 de novembro, tenho a certeza que não é só nesse dia que devemos lembrar-nos da Consciência Negra. Esse deve ser um exercício durante os 365 dias do ano, quando se mata um leão por dia para sobreviver. Esse dia é uma celebração porque nos outros 364 dias do ano estamos quebrando barreiras. Salve Roberto Santos! Salve professora Elisabeth! Salve Vera Quadros! Salve Clori Ferraz! Negros que fizeram e fazem parte da nova história negra Montenegrina.
Rogério Santos – negro, jornalista com mestrado em sociologia pela UFRGS
Coordenador CUFA/RS - MONTENEGRO
terça-feira, 18 de novembro de 2008
FLAVIANE DO BAIRRO GERMANO HENKE REPRESENTARÁ CUFA/RS EM BAILE DE DEBUTANTES
Flaviane, 14 anos de idade, moradora do bairro Germano Henke, periferia de Montenegro/RS, representará a CUFA/RS, no baile das debutantes da Sociedade Floresta Montenegrina. Flaviane que participa da oficina de dança desenvolvida pela CUFA em parceria com a ONG Anjo de Luz, tinha como sonho de participar de um baile de debutantes, que está sendo viabilizado pela CUFA/RS.
A CUFA deseja toda a felicidade a Flaviane...
quarta-feira, 5 de novembro de 2008
A CUFA PARABENIZA O NOVO PRESIDENTE DOS EUA, Sr. BARACK OBAMA
A CUFA parabeniza o novo presidente dos Estados Unidos, Sr. Barack Obama
Mais uma vez, a participação popular e a vontade de mudança fizeram a diferença
Num país onde a população negra chega a apenas 12,8% dos cidadãos, pela primeira vez na História, um presidente afro-americano foi eleito, e com maioria absoluta de votos. Tendo concorrido pelo Partido Democrata, Obama conseguiu chegar à liderança de uma das maiores potências mundiais com a promessa de mudança sociais, e provavelmente essas mudanças terão reflexo em todo o globo terrestre.
Assim, a CUFA saúda Barack Obama e a ele deseja um mandato tranqüilo, com sabedoria e paz.
Parabéns, povo norte-americano. Parabéns, Mãe África.
Central Única das Favelas
Mais uma vez, a participação popular e a vontade de mudança fizeram a diferença
Num país onde a população negra chega a apenas 12,8% dos cidadãos, pela primeira vez na História, um presidente afro-americano foi eleito, e com maioria absoluta de votos. Tendo concorrido pelo Partido Democrata, Obama conseguiu chegar à liderança de uma das maiores potências mundiais com a promessa de mudança sociais, e provavelmente essas mudanças terão reflexo em todo o globo terrestre.
Assim, a CUFA saúda Barack Obama e a ele deseja um mandato tranqüilo, com sabedoria e paz.
Parabéns, povo norte-americano. Parabéns, Mãe África.
Central Única das Favelas
segunda-feira, 3 de novembro de 2008
QUESTÃO DE RESPEITO
A Central Única das Favelas, Cufa, vem por meio desta, informar a quem possa interessar, que a coordenadora do Núcleo Maria Maria, da Central Única das Favelas – Cufa, de Salvador (BA), Ítala Herta, foi vítima de agressão policial no último sábado (25) enquanto voltava de um evento rumo ao Bairro da Boca do Rio, localizado na periferia da cidade. A agressão foi ocasionada por uma atitude, no mínimo impensada, do taxista que conduzia Ítala e mais dois amigos.
Sem qualquer motivo aparente, o taxista Cezar Augusto da Silva Purificação chamou a polícia suspeitando ser assaltado. Os policiais, por sua vez agrediram a moça e seus colegas física e moralmente, mesmo após comprovarem que não ofereciam risco algum.
A Cufa lamenta o ocorrido, não apenas por ter uma de suas integrantes envolvidas no caso, mas pelo estado de insegurança instaurado, que leva cidadãos a viverem apavorados e agirem inconscientemente, que leva a polícia a agredir antes de averiguar os fatos, que leva centenas de moradores das favelas a serem constantemente violentados em sua integridade moral e física, mesmo sem motivo aparente.
Muito mais que lamentar, a Cufa trabalha incansavelmente a fim de transformar a realidade das favelas brasileiras. Para isso, conta com parceiros como a Polícia Comunitária no desenvolvimento de ações de prevenção ao crime e à marginalidade. Tudo isso para que todos os cidadãos de bem possam ter seus direitos respeitados e sua dignidade garantida.
Segue abaixo o depoimento de Ítala Herta sobre o acontecido na madrugada do dia 25:
Era 00h30min de sábado quando falei para Henrique e Saturnino, dois amigos que me acompanhavam em um evento que estava ocorrendo no Centro Histórico de Salvador (Pelourinho), que queria ir embora, pois estava cansada. Fomos. Destino? O Bairro da Boca do Rio. Como todos os três moram próximos, decidimos dividir um táxi "amenizaria os ricos de sermos confundidos ou assaltados" (pensávamos). Ainda na saída do Pelô encontrei minha tia (Nelma Suely), meu tio (Wilson Freitas) e o meu primo (Rafael Melo) e recusei o convite de ir para o ensaio do Ilê Ayê no bairro da Liberdade, reforçando a afirmação anterior de querer ir logo para casa. Cumprimentamos-nos, eles entraram no carro e eu e os meus dois amigos continuamos andando em direção à Praça da Sé onde solicitamos o serviço de táxi do Cezar Augusto da Silva Purificação. Ainda no meio do caminho, o carro do meu tio acompanhava o táxi, nos cumprimentamos de longe, tudo parecia muito tranqüilo dentro do carro, a conversávamos sobre o final da noite, o evento, o lugar por onde passávamos.
Chegando ao início da ladeira da Fonte Nova o taxista parou o carro alegando que uma das portas se encontrava aberta. Abrir e fechei minha porta e pedi aos outros que conferissem as outras portas, todos disseram "não tem nenhuma porta aberta!", eu complementei: ”por favor, taxista leve o carro adiante pois tenho medo de assalto". Olhando pelo retrovisor ele ligou a lanterna do carro sinalizando algo, nenhum dos três entendia o motivo dele ter parado naquele local àquela hora. Nesse mesmo momento, ainda com o carro parado, Cezar Augusto começou a gritar e a se debater dentro do carro. De maneira muito rápida, travou as portas do carro com os três dentro e saiu do carro gritando e afirmando que era um assalto, que eu e mais os meus dois amigos éramos assaltantes! Nesse exato momento uma viatura da Policia Civil, pela qual nos tínhamos passado sem perceber antes da ladeira, atendeu aos sinais e acusações do taxista.
Com armas em punho, os policiais gritavam e mandavam todos deitarem no chão. Eu e os meus amigos, desesperados com os gritos e as acusações do taxista diante da policia, saímos pela única porta aberta do táxi. Nesse momento eu cair com a cara no chão. Os meninos já estavam rendidos. Eu me levantei, desesperada e com a roupa ensangüentada, pedindo para que os policiais não atirassem, afirmando que éramos inocentes, que a abordagem deles era ilegal, um dos policiais pegou no meu braço me jogou no chão e em voz alta e com arma apontada para minha cabeça falou:" cala boca sua puta!, ilegal o quê sua vagabunda?" Me viraram de costa. No chão e com a cara no asfalto, rendida, começaram a me revistar, levantaram minha blusa procurando a arma, abaixaram a roupa de Saturnino. Henrique, também rendido pelos os policiais clamava para nenhuma daquelas armas disparar contra nós.
Lembra do meu tio? Deus que o colocou no nosso caminho, atendendo ao pedido do meu primo que reconheceu que o táxi parado era o meu, eles pararam o carro a alguns metros de distância e subiram a ladeira correndo gritando pelo o meu nome pedindo para não atirar, pois eram pessoas inocentes que se encontravam no chão. Minha tia, já pensava o pior ao me ver no chão ensangüentada.
Ainda no chão, os três, humilhados e rendidos, olhavam para o taxista, que a essa altura tinha se tocado na atrocidade que havia cometido. Mesmo assim, fomos interrogados no local e encaminhados (e não acompanhados) à delegacia, o que se significa que a vitima não era Ítala, Saturnino e Henrique, mas sim o taxista!
Levei cinco pontos no queixo e ainda estou com hematomas no meu corpo. Na delegacia, fizeram meus amigos mostrar se realmente tinham dinheiro para pagar o serviço de taxi. Tentaram nos coagir, um deles afirmando conhecer o Henrique de algum lugar. Enquanto eu reivindicava nossos direitos, outro policial me mandavaeu sair da frente e me sentar bem longe de suas vistas. Justificavam que o Cezar Augusto era um trabalhador assustado, vitima de assalto por três vezes.
Este é apenas um retrato da violência que atinge milhares de cidadãos brasileiros. Um relato que se repete todos os dias em cada periferia. Um quadro que a Cufa, ao lado de seus parceiros, luta para mudar e acredita que um dia será diferente.
Danillo Bitencurt - Presidente Nacional ( cufa BA )
Kalyne - Vice Presidente Nacional ( cufa PB )
Naga Gizza - Coordenacao de nucleo - Cufa Madureira - Rio
MV Bill - Diretor Institucional _ Cufa Cidade de Deus
Sem qualquer motivo aparente, o taxista Cezar Augusto da Silva Purificação chamou a polícia suspeitando ser assaltado. Os policiais, por sua vez agrediram a moça e seus colegas física e moralmente, mesmo após comprovarem que não ofereciam risco algum.
A Cufa lamenta o ocorrido, não apenas por ter uma de suas integrantes envolvidas no caso, mas pelo estado de insegurança instaurado, que leva cidadãos a viverem apavorados e agirem inconscientemente, que leva a polícia a agredir antes de averiguar os fatos, que leva centenas de moradores das favelas a serem constantemente violentados em sua integridade moral e física, mesmo sem motivo aparente.
Muito mais que lamentar, a Cufa trabalha incansavelmente a fim de transformar a realidade das favelas brasileiras. Para isso, conta com parceiros como a Polícia Comunitária no desenvolvimento de ações de prevenção ao crime e à marginalidade. Tudo isso para que todos os cidadãos de bem possam ter seus direitos respeitados e sua dignidade garantida.
Segue abaixo o depoimento de Ítala Herta sobre o acontecido na madrugada do dia 25:
Era 00h30min de sábado quando falei para Henrique e Saturnino, dois amigos que me acompanhavam em um evento que estava ocorrendo no Centro Histórico de Salvador (Pelourinho), que queria ir embora, pois estava cansada. Fomos. Destino? O Bairro da Boca do Rio. Como todos os três moram próximos, decidimos dividir um táxi "amenizaria os ricos de sermos confundidos ou assaltados" (pensávamos). Ainda na saída do Pelô encontrei minha tia (Nelma Suely), meu tio (Wilson Freitas) e o meu primo (Rafael Melo) e recusei o convite de ir para o ensaio do Ilê Ayê no bairro da Liberdade, reforçando a afirmação anterior de querer ir logo para casa. Cumprimentamos-nos, eles entraram no carro e eu e os meus dois amigos continuamos andando em direção à Praça da Sé onde solicitamos o serviço de táxi do Cezar Augusto da Silva Purificação. Ainda no meio do caminho, o carro do meu tio acompanhava o táxi, nos cumprimentamos de longe, tudo parecia muito tranqüilo dentro do carro, a conversávamos sobre o final da noite, o evento, o lugar por onde passávamos.
Chegando ao início da ladeira da Fonte Nova o taxista parou o carro alegando que uma das portas se encontrava aberta. Abrir e fechei minha porta e pedi aos outros que conferissem as outras portas, todos disseram "não tem nenhuma porta aberta!", eu complementei: ”por favor, taxista leve o carro adiante pois tenho medo de assalto". Olhando pelo retrovisor ele ligou a lanterna do carro sinalizando algo, nenhum dos três entendia o motivo dele ter parado naquele local àquela hora. Nesse mesmo momento, ainda com o carro parado, Cezar Augusto começou a gritar e a se debater dentro do carro. De maneira muito rápida, travou as portas do carro com os três dentro e saiu do carro gritando e afirmando que era um assalto, que eu e mais os meus dois amigos éramos assaltantes! Nesse exato momento uma viatura da Policia Civil, pela qual nos tínhamos passado sem perceber antes da ladeira, atendeu aos sinais e acusações do taxista.
Com armas em punho, os policiais gritavam e mandavam todos deitarem no chão. Eu e os meus amigos, desesperados com os gritos e as acusações do taxista diante da policia, saímos pela única porta aberta do táxi. Nesse momento eu cair com a cara no chão. Os meninos já estavam rendidos. Eu me levantei, desesperada e com a roupa ensangüentada, pedindo para que os policiais não atirassem, afirmando que éramos inocentes, que a abordagem deles era ilegal, um dos policiais pegou no meu braço me jogou no chão e em voz alta e com arma apontada para minha cabeça falou:" cala boca sua puta!, ilegal o quê sua vagabunda?" Me viraram de costa. No chão e com a cara no asfalto, rendida, começaram a me revistar, levantaram minha blusa procurando a arma, abaixaram a roupa de Saturnino. Henrique, também rendido pelos os policiais clamava para nenhuma daquelas armas disparar contra nós.
Lembra do meu tio? Deus que o colocou no nosso caminho, atendendo ao pedido do meu primo que reconheceu que o táxi parado era o meu, eles pararam o carro a alguns metros de distância e subiram a ladeira correndo gritando pelo o meu nome pedindo para não atirar, pois eram pessoas inocentes que se encontravam no chão. Minha tia, já pensava o pior ao me ver no chão ensangüentada.
Ainda no chão, os três, humilhados e rendidos, olhavam para o taxista, que a essa altura tinha se tocado na atrocidade que havia cometido. Mesmo assim, fomos interrogados no local e encaminhados (e não acompanhados) à delegacia, o que se significa que a vitima não era Ítala, Saturnino e Henrique, mas sim o taxista!
Levei cinco pontos no queixo e ainda estou com hematomas no meu corpo. Na delegacia, fizeram meus amigos mostrar se realmente tinham dinheiro para pagar o serviço de taxi. Tentaram nos coagir, um deles afirmando conhecer o Henrique de algum lugar. Enquanto eu reivindicava nossos direitos, outro policial me mandavaeu sair da frente e me sentar bem longe de suas vistas. Justificavam que o Cezar Augusto era um trabalhador assustado, vitima de assalto por três vezes.
Este é apenas um retrato da violência que atinge milhares de cidadãos brasileiros. Um relato que se repete todos os dias em cada periferia. Um quadro que a Cufa, ao lado de seus parceiros, luta para mudar e acredita que um dia será diferente.
Danillo Bitencurt - Presidente Nacional ( cufa BA )
Kalyne - Vice Presidente Nacional ( cufa PB )
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MV Bill - Diretor Institucional _ Cufa Cidade de Deus
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