domingo, 26 de setembro de 2010

CUFA DIVULGA MAIS UMA PESQUISA SOBRE O CRACK EM MONTENEGRO


Rogério dos Santos falou sobre os índices de uso do crack diante do público formado por jovens e adolescentes

Nova pesquisa coordenada pela Central Única das Favelas (Cufa) mostra que houve diminuição de 7% do consumo de crack em Montenegro. Os resultados foram apresentados na manhã de ontem, durante evento no Instituo de Educação São José. A pesquisa foi realizada no período de 17 de março a 31 de abril deste ano. O evento também teve a presença da banda Marauê, que fez uma apresentação de reggae para o público.
O coordenador da Cufa em Montenegro, Rogério dos Santos, apresentou os dados. A queda é fruto de uma mobilização que age em quatro frentes, através do Movimento Montenegro Contra o Crack. A diminuição do consumo da droga, em oito dos 18 bairros pesquisados, reflete a ação conjunta de setores da educação, polícia, saúde e agentes sociais. “Os dados da pesquisa Cufa/MCC 2010 mostram que reduzimos significativamente o consumo em alguns bairros neste tempo de trabalho. Claro que estes índices caíram graças a ações desenvolvidas junto ao MCC”, completa Santos.
O coordenador do Centro de Atenção Psicossocial (Caps), Daniel Giron Azevedo, considera que essa diminuição se deve a uma ação conjunta. “Desde o início, apostamos que mobilizar a sociedade em esforços conjuntos na luta contra o crack geraria efeitos de diminuição do número de consumidores. Neste período, o MCC investiu em prevenção, tratamento, em repressão ao tráfico e em conscientização da opinião pública”, explica.
Um bom exemplo do resultado das ações de prevenção e contra o avanço da droga pode ser verificado na Vila Esperança. De acordo com a pesquisa, o número de usuários passou de 5,1% (em 2009) para 2,73% (em 2010). Rogério dos Santos acredita que esses dados resultam de uma série de fatores. Entre eles, destaca a ação do Programa de Prevenção à Violência (PPV) no local.

Situação ainda é preocupante

Embora a pesquisa tenha apontado a diminuição do consumo em alguns pontos, o trabalho não deve parar. O coordenador da Cufa chama a atenção para usuários que mudam de uma “boca de fumo” para outra. Isso se deve à ação da polícia, que fecha os pontos de consumo de droga. É devido a essa movimentação que alguns bairros apresentam certo aumento de usuários.
Os resultados desta pesquisa são bem vindos, mas Daniel Azevedo alerta que a situação ainda é preocupante. “Precisamos continuar este trabalho, articulando os eixos da saúde, social, educação e segurança pública. Os dados da pesquisa são úteis para nortear nossas ações, que são continuamente pensadas, considerando as realidades locais”, completa.

Pesquisa realizada em 18 bairros

Os resultados foram obtidos por meio de uma amostra de homens e mulheres, com idade mínima de 18 anos. No total, foram entrevistadas 510 pessoas. A sondagem foi realizada através da colaboração de estudantes universitários voluntários, que aplicaram o questionário em 18 bairros de Montenegro. Tratou-se de uma pesquisa estimulada, com perguntas preestabelecidas.
Para chegar ao resultado, foi questionado, por exemplo, se o entrevistado conhecia algum usuário de crack. De acordo com Rogério dos Santos, normalmente, eles citavam outros usuários. Por isso, que os números revelam quantidade de usuários bem maior que a de entrevistados. Santos ressalta que os consumidores são flutuantes. Pode ocorrer de o mesmo usuário da droga frequentar dois ou três bairros.

Amostra

Homens: 225 pesquisados
20% de 18 a 21 anos (45)
45% de 22 a 45 anos (101)
35% acima de 45 anos (79)

Mulheres: 285 pesquisados
27% de 18 a 21 anos (77)
52% de 22 a 45 anos (148)
21% acima de 45 anos (60)

Comparativo entre os resultados
Bairro Usuários 2009 Usuários 2010
Aeroclube 120 100
Santa Rita 70 60
São Paulo 50 50
Progresso 35 25
Ferroviário 145 100
São João 20 35
Centenário 90 110
Industrial 170 150
G. Henke 80 60
Bela Vista 65 50
Centro 50 70
Esp./Trilhos 56 30
Santo Antônio 40 65
Timbaúva 20 20
Municipal 30 40
Rui Barbosa 45 45

Total 1086 1011

UMA CONQUISTA COLETIVA DA PERIFERIA







A Vila Esperança, no bairro Senai, está em festa com a inauguração da quadra poliesportiva. A partir de agora, os moradores terão espaço para praticar esportes e enriquecer seus conhecimentos culturais perto de casa, na rua Juvenal Alves de Oliveira.
A entrega da quadra será comemorada com diversas atrações. Das 10 às 17 horas, a comunidade pode assistir o Circo Teatro Girassol, de Porto Alegre, as bandas da Escola Municipal Esperança e do Colégio Estadual Ivo Bühler (Ciep) e o grupo de tango do Colégio Estadual Dr. Paulo Ribeiro Campos – Polivalente, através do projeto Escola Aberta para a Cidadania. Teve ainda apresentações de capoeira e oficina de hip-hop. Já das 19 às 22 horas, ocorreu shows com grupos locais de hip-hop, nativista, pop, sertanejo e gospel.
Rogério Santos,coordenador da CUFA e presidente do Programa de Prevenção à Violência (PPV) em Montenegro, destaca que a quadra poliesportiva foi construída através do PPV, do Governo do Estado, que investiu integralmente cerca de R$ 550.000,00 na obra. O terreno foi doado pela Administração Municipal. Os 955 metros quadrados de área contemplam ginásio de esportes, biblioteca e sala de convivência. A proposta é beneficiar comunidades carentes e que registrem altos índices de violência. Crianças e adolescentes deverão ser envolvidas em projetos socioeducativos e culturais, por meio do esporte e melhorias das estruturas de lazer, saúde e segurança.
Além da quadra para a prática de basquete, futebol e vôlei, a estrutura do prédio ainda terá quatro salas, uma para a administração e almaoxarifado; uma segunda para laboratório de informática e audiovisual; uma terceira para uma sala de reuniões e palestras de 30 lugares e uma última será para o atendimento do Programa Infância Melhor (PIM) e biblioteca.
Para a moradora do bairro, Paula Martins, que tem um filho matriculado na Escola Ivo Bühler (o Ciep), a quadra é uma importante ferramenta para que as crianças deixem de ficar na rua e passem a desenvolver atividades que contribuem para seu desenvolvimento. A programação se estendeu durante a tarde e noite, com várias apresentações, além da confecção de carteiras carteiras de identidade, pelo Instituto Geral de Perícias.